Mirtilo: a Jornada da Vida se faz com Confiança

Escrito por Carla guandalini 5 de março de 2020
Mirtilo: a Jornada da Vida se faz com Confiança

O Mirtilo tem me ensinado que dias cinzas também têm cor.

O Mirtilo é uma fruta roxa, também chamada de uva- do- monte, conhecida como Blueberry nos EUA e Canadá ou andano, nos países de língua espanhola. Seu nome científico é Vaccinium myrtillus, é um arbusto que cresce em meio à vegetação rasteira em solo úmido de várzeas, morros e brejos, em todas as regiões temperadas do hesmifério norte.

Cheguei na Europa e me deparei com ele em feiras e supermercados, ele também estava nas lojas de jardinagem e no quintal de algumas casas. Levei um tempo para conseguir sentir sua alma, talvez o tempo necessário para sentir o inverno dentro de mim. O Mirtilo é o olhar da intuição, o mergulho em nossa escuridão e frieza.

Circular, liso e em tons azul-arroxeados, com um único orifício, uma única entrada, e ela é o convite para adentrar o desconhecido! Você coloca ele na boca e não sente nada. Vazio.

Decide mastigar, e o faz… A mastigação aqui é leve. Depois de romper a casca, com uma suave explosão, você sente a polpa macia. Primeiro ela vem adstringente, desconfortável, mas nada agressivo. E então, quando você menos espera, o sabor doce aparece! Não, não é doce como mel ou açúcar. É levemente adocicado, é tranquilo e despretensioso, como quem vem mostrar que o mergulho no desconhecido pode ser escuro e frio à princípio, mas sempre vai te trazer a doçura da vida. E a doçura da vida, aquela doçura que vem da sabedoria, não é intensa e explosiva como o açúcar, é sutil e suave, como o tempo. A Alma do Mirtilo está no sabor. O sabor é aquilo que um olhar e um toque não revelam, não está disponível na superfície, é preciso entrar nele e também permitir que ele entre em nós, para podermos sentir. É preciso não saber o que vai encontrar ali e mesmo assim, provar.

O Mirtilo ensina que a jornada da vida se faz com confiança, um passo por vez, construindo o caminho. As belezas surgem quando menos esperamos!

Agora, se observarmos com atenção aquilo que a intuição revela, associando ao que a ciência nos ensina, chegamos à percepções belíssimas sobre essa planta!

Os frutos do Mirtilo começaram a chamar a atenção durante a Segunda Guerra Mundial (1939-45), quando “pilotos perceberam que sua visão noturna melhorava depois de comerem geleia feita com eles. Desde então, pesquisas mostraram que mirtilos ajudam os olhos a se ajustar ao escuro e estimulam a parte da retina mais envolvida em enxergar melhor com pouca luz. “ (Andrew Chevallier)

Sim, os mirtilos nos ajudam a enxergar melhor! Se pensarmos que em regiões temperadas, a tendência é ter invernos com dias bastante frios e cinzas, uma planta que ajuda a enxergar melhor com pouca luz é uma grande ajuda. Mas essa visão pode se referir tanto ao corpo físico e a ver o mundo exterior, como a enxergar nosso mundo interior na jornada de autoconhecimento, que se faz caminhando no escuro dentro de nós, no desconhecido.

Sua coloração azul-arroxeada se dá pela presença de proantocianidinas, componente ativo relacionado tanto aos taninos quanto aos flavonóides (que caracterizam o leve sabor adstringente). São pigmentos que dão a flores e frutos a cor azul, roxa ou vermelha; antioxidantes fortes que protegem a circulação sanguínea, especialmente no coração, mãos, pés e olhos.

Coração de sentir.
Olhos de enxergar além do que se é esperado.
Mãos que tocam com amor.
Pés que constroem a jornada do autoconhecimento.
O Mirtilo, e agora ressalto com amor, é o fruto que nos ensina que dias cinzas também têm cor.

Carla Guandalini

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